sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Trestles

Quem é que não ficou maravilhado com a performance do Julian Wilson em Trestles?
Ele não ganhou o evento, nem chegou à final, mas para mim foi a surpresa da prova. Tal como Jeremy em Teahupoo, o destaque não foi para o vencedor. O power nas manobras, a variedade, a radicalidade e o estilo de Julian Wilson fazem dele um dos surfistas mais agradáveis de ver competir no WT. Cometeu alguns  erros, uns de timing de dominio do heat, outro muito rookie contra Parko, de quem se vingou à grande, outro contra Owen que gerou muita polémica.

No Rd4 contra Parko e Fanning, aquele shove it com reverse no fim deu-lhe um 9.80? O que é que faltou para ser um 10? " Tal como o Julian questionava "o que é que tenho de fazer mais?"
Se o Julian tivesse feito essa onda num momento crucial do heat, talvez fosse 10. É estranho o critério subjectivo da ASP, mas é assim que se joga, e é assim que os surfistas têm de pensar - Impresse the judges at the right time.

Slater, matreiro, lá levou mais um troféu em Trestles. A mestria com que doseia a sua performance, guardando para os momentos cruciais o seu melhor surf, fazem dele um mestre a vencer competições. Não adianta de nada num heat partir aquilo tudo para depois no outro estar muitos furos abaixo na concentração e cometer erros que levam à derrota. Slater é um freak da preparação, da concentração, da consistência, na escolha de onda, na escolha das manobras e o que elas representam em score, competindo exactamente como precisa para ser um pouco melhor que os seus adversários.
Não me lembro de ver o Slater fazer um daqueles aley-oops animais em competição se não precisasse de conseguir numa onda de merda um excelente score para passar o heat (Peniche contra Davidson, final em Bells contra Fanning e Bede, Us Open contra Payne). Ele não faz só por fazer, faz quando é preciso, mantendo assim a espectacularidade cada vez que o faz, num momento critico do heat - Impresse the judges!
O que interessa quando toca a buzina, é quem está em primeiro no heat.  

Quando o Julian Wilson aprender estas matreirices, será um World Title Contender.

21 anos atrás, o mesmo spot, Trestles, o mesmo vencedor, Slater

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Bobby Martinez

A polémica entrevista de Bobby Martinez no QSPRONY não surpreende. Estava-se mesmo à espera que alguma coisa do género iria acontecer. O que talvez surpreenda são algumas opiniões a favor da atitude do Bobby e a favor do que ele defende. A ASP pode não ser a mais perfeita organização, mas não é assim que alguma coisa vai mudar. A falta de educação não pode ser tolerada pela ASP. Lembro-me do Slater que, ao não estar de acordo com algumas directrizes da ASP, ameaçou criar o seu próprio circuito, apresentou propostas à ASP, muitas das quais acabaram por ser aceites, tornando o circuito no que é hoje. Mais prize-moneys, menos surfistas, maior competitividade para os circuitos WT e WQS, maior competitividade e interesse postos em cima dos ultimos da tabela do WT, sob o risco de serem ultrapassados por outros. Acho que era unânime a opinião de que assistir a heats entre os últimos classificados do ranking do WT era no mínimo, chato. Ora para essa chatisse não se prolongar por um ano inteiro, a ASP resolveu o corte no Ranking. As entradas de Gabriel Medina, Pupo e Yadin (lesionado vai dar lugar a John John Florence) vão dar um novo hipe ao circuito. Quanto a isso, acho que ninguém discorda.

Por outro lado, Bobby é contra o facto de se poder ser ultrapassado na classificação por surfistas contra os quais não se competiu.
Ele não competiu porque não quis. Os Prime e Star Events são abertos a atletas do WT e atribuem agora preciosos pontos. Kelly Slater, Julian Wilson, Damien Hogbood ou Alejo Muniz são alguns dos vencedores de eventos Prime e são todos atletas do WT. E alguns eventos são em excelentes spots como Trestles, Margaret River ou Sunset.
Os atletas qualificados no inicio do ano para o WT têm a possibilidade de, se as coisas lhes correr bem, se requalificarem apenas com provas do WT. Caso contrário, tem o fantástico bónus extra de poderem participar em eventos Prime e Star com atletas menos rankiados e garantirem ai pontos suficientes para a requalificação!
Este corte no ranking, na verdade, defende os surfistas do WT. Ficou muito mais difícil para um atleta do  WQS qualificar-se para a elite do WT. O facto é que neste corte apenas 3 surfistas conseguiram essa proeza.
Um bom exemplo é Travis Logie, que ao ver a vida andar para trás, correu uns quantos WQS, correu atrás do prejuízo e no fim teve a sorte de garantir a qualificação por Wildcard. Vai estar o resto do ano na elite a fazer o que mais gosta, surfar e competir.

Aqui em baixo, as entrevistas do Bobby Martinez

http://www.youtube.com/watch?v=z-hpE6uwvoM&NR=1
Entrevista 1

http://www.youtube.com/watch?v=gz3hF8cwYVI
Entrevista 2