quarta-feira, 30 de março de 2011

Pratica desportiva e universo de captação de talentos

Segundo um estudo publicado no volume "Ciências Humanas aplicadas ao desporto", existem hoje diversas formas de pratica desportiva. Existe o desporto de alto nível ou de elite, existe o desporto federativo e existe o desporto de lazer.

No caso do surf , esta distinção ou modelo de três vertentes tambem é visível.
De maneira geral, o surf ganhou muitos adeptos de todas as idades com o recente "boom" da procura de actividades ao ar livre. Os adultos seguem a vertente de lazer, sendo que os jovens sentem-se mais atraídos pela vertente associativa ou federativa, onde começam a competir em regionais e nacionais como ponte óbvia para atingir o nível de elite, a cada vez mais especializada ASP.
Neste esquema, temos então que o desporto associativo ou federativo serve de base de trampolim de sucessão para o desporto de elite.
As escolas de surf fazem parte integrante dessa estrutura federativa e associativa. Umas são privadas, outras fazem parte de clubes ou associações. Umas dedicam-se exclusivamente à vertente lazer, outras à vertente competitiva. As escolas de surf são fundamentalmente o único palco na detecção de novos talentos, (excepto raras excepções). Um dos entraves na captação de novos talentos está no universo disponível para recruta de novos praticantes, que é muito pequeno, e na grande maioria dos casos depende de vontade própria de escolher esta ou aquela modalidade.
O único universo de captação de talentos disponível é o universo dos jovens já inscritos ou federados nos clubes e que já escolheram o surf como modalidade.
Ora, nada garante que estes jovens sejam os mais susceptíveis de atingir o nível necessário para serem  atletas de elite. Nada garante que estes sejam os mais aptos fisicamente, psicologicamente e técnicamente para o surf competitivo. Entre um X numero de jovens inscritos, poderá talvez aparecer só um que reúna vincadamente as potenciais caracteristicas de um possível atleta de elite.
O projecto de captação de jovens para o desporto, no caso do surf não acontece. Deu-se a evolução dos sistemas de treino no surf em Portugal, mas é necessário encontrar uma forma ou um projecto que leve à detecção de talentos nos liceus, nas aulas de educação física, locais onde se encontram a maior concentração de jovens. Podem tambem até ser organizados um ou dois eventos por ano para exercer essa detecção de talentos junto das escolas das varias regiões do pais.
Deveriam ser elaborados testes de aptidão física e psicológica com elementos próprios inerentes à pratica de surf.

Num pais em que o surf  federativo continua a crescer, numa altura em que a FPS foi integrada na Medida 3 para melhoria das condições desportivas e da competitividade, com a qualidade inegável das nossas praias e das condições geográficas, com a qualidade do ensino de surf a melhorar,  faz falta esse projecto de captação, com vista a formar futuros atletas de elite a nível mundial.
Noutras modalidades, esses projectos de captação já existem.

Quem poderá desenvolver esse método ou plano de captação e agir junto das escolas, liceus ou acções particulares?
O ideal seria uma relação;
- FPS/IDP/Cameras municipais/Escolas de surf/desporto escola/patrocinadores.
Mas tambem poderá ser apenas;
- FPS/escolas de surf/desporto escolar/patrocinadores
Ou ainda;
-Escolas de surf/patrocinadores  

quarta-feira, 23 de março de 2011

Convocatória para o ISA no Perú

O atleta que treino, Pedro Pi, não integra a lista dos convocados para o Perú, ao contrario do que tinha sido anunciado. A noticia que tinha sido publicada no site Oceanlook Aqui , (erradamente intrepertada da fonte FPS) estava incorrecta. A lista era para o próximo estagio da selecção onde iriam ser escolhidos os 4 finalistas apurados entre 6. O Pedro, bem como Tomás Ferreira, estavam nos 6 possíveis entre os Sub-16, mas não nos 4 seleccionados.  

No que diz respeito ao tema Selecção, fica a promessa da continuação do bom trabalho que o Pedro tem vindo a desenvolver na sua formação, de forma a que no futuro, possa continuar a ser opção para possivel seleccionavel.

Fica aqui a lista final completa.

Sub-18 : Diogo Apleton, Francisco Alves, Vasco Ribeiro e Basile Belime
Sub-18: João Kopke, Tomás Fernandes, Guilherme Fonseca e Miguel Blanco
Femenino: Keshia Eyre, Carina Duarte, Constança Coutinho e Ana Sarmento 

sexta-feira, 18 de março de 2011

Tiago Pires vs Jordy Smith

Tiago Pires e Jordy Smith ocupam ambos a mesma posição do ranking, 3º lugar após a primeira etapa da Gold Coast. As diferenças no surf de ambos são enormes, dizem alguns. Em algumas vertentes sim, noutras não.
Jordy é apontado como um dos melhores surfistas no Tour, com um surf muito progressivo e inovador, um vasto reportório de manobras, capaz de realizar aéreos superman e outras manobras do género em qualquer bateria em que se encontre. As qualidades do seu surf rápido e fluido são indiscutiveis. Foi vice campeão no ano passado e é sem duvida um dos sérios candidatos ao titulo mundial este ano.
Tiago Pires é apontado como um excelente tube rider, capaz de ganhar a qualquer um em condições tubulares, seja em Teahupoo ou Pipeline. É um surfista mais de velocidade no rail do que fins no ar, o que à primeira impressão o coloca num patamar competitivo abaixo do surf de Jordy, já que este domina o rail e tambem muitas manobras no ar e as chamadas manobras modernas.

Como é que se explica então que numa altura em que se valoriza tanto as manobras no ar, Tiago Pires esteja na mesma posição do Ranking que Jordy Smith e tenha eliminado alguns dos surfistas com um surf mais progressivo?

No meu entender, a resposta está em perceber o atleta não só pelo seu nível técnico, mas como um todo, como um todo que avalia e integra todas as suas capacidades enquanto atleta, estratégicas, psicológicas, físicas e não apenas a componente técnica. Tiago Pires pode não ser o surfista mais completo técnicamente no Tour, dono de todo aquele reportório de manobras modernas, mas nas outras componentes é sem duvida dos melhores, e isso coloca-o onde ele está neste momento. O Tiago Pires anda quase sempre em full speed no rail, manobrando muito forte nas zonas criticas da onda. A sua leitura e escolha de onda são trunfos fortíssimos nos seus desempenhos. Apanhar as melhores ondas dos heats, onde estão os potencias scores, são uma prioridade. A sua preparação física e psicológica para os eventos são tambem trunfos fortíssimos para os seus desempenhos. Cada ano que passa no Tour, ele vai percebendo mais do jogo, e vai estando cada vez mais bem preparado para os desafios nas várias vertentes da competição.
Por tudo isto, o Tiago Pires é um surfista que frequentemente obtém bons resultados nos eventos do World Tour e nos WQS's.
Tal como Slater referiu, subestimou-o algumas vezes no passado o que resultou em 3 derrotas.
Slater nas meias finais na Goldie teve de puxar dos galões para eliminar o Tiago e empatar o duelo, estando agora em 3-3.

terça-feira, 15 de março de 2011

Pedro Pi convocado para o ISA Quicksilver Wold Junior Championships



Aqui fica a lista dos atletas que vão defender as cores nacionais no campeonato mundial juniores no Peru, Punta Hermosa, de 21 a 29 de Maio 2011.

Sub 18: Vasco Ribeiro, Francisco Alves, Basile Belime, Diogo Appleton

Sub 16: Miguel Blanco, João Kopke, Tomás Fernandes, Guilherme Fonseca, Tomás Ferreira, Pedro Pi

Sub 18 Feminino: Constança Coutinho, Keysha Eyre, Carlota Appleton, Camila Kemp, Carina Duarte, Ana Sarmento

domingo, 13 de março de 2011

1ª Etapa Circuito Samadi, Caparica, CDS

Terminou hoje a 1ª Etapa etapa do Circuito Regional da Caparica.
Com vento off-shore durante as manhãs de sábado e domingo, os atletas aproveitaram da melhor forma as boas esquerdas que quebraram na praia do CDS, em frente ao muito simpático Café do Mar.

De maneira geral, o grupo portou-se lindamente!
Goncalinho Rangel de Lima da categoria de Sub-14, foi o primeiro a entrar na agua logo pela manhã por volta das 9h30. Mesmo não tendo conseguido avançar para a fase seguinte da competição, a sua prestação revelou melhorias em diversos campos comparativamente à sua prova anterior, especialmente na escolha de onda e domínio do pico perante os outros surfistas. Neste momento o seu principal objectivo é ao nível da prestação e não do resultado.
Ainda assim, uma situação insolita aconteceu no heat do Gonçalinho, que foi o facto de dois cabeças de serie estarem ambos no mesmo heat, tornando extremamente difícil a possibilidade a estreantes como o Goncalinho de passarem o heat.

Bernardo Ventura, tambem em Sub-14, foi o segundo atleta do meu grupo a entrar em prova. Ao nível da prestação o Bernardo tambem esteve muito bem, tendo passado à fase seguinte em primeiro lugar no seu heat. O Bernardo cumpriu muito bem com o que lhe tinha pedido para o primeiro heat.
Nos 1/4 de final, o Bernardo preocupou-se demasiado em se posicionar no pico perante os outros surfistas em detrimento da zona de entrada da onda.

Nos Sub-16, Antonio Coach retomou as competições depois de uma pausa de 2 anos. Teve alguns pormenores interessantes a nível técnico mas no conjunto não foram o suficiente para avançar na prova.

O Pedro Pi só parou no lugar mais alto do podium. Os objectivos do Pi são neste momento disputar os resultados em todas as provas nacionais ou regionais. O Pi passou na primeira posição no seu heat do Rd1 com um score elevado, passou nas meias finais, e venceu a final, estando assim na primeira posição do Ranking após a primeira etapa.
Ainda é cedo para se falar num ataque ao titulo de campeão regional, ainda é um longo ano até Outubro, ainda há 3 etapas para realizar no circuito, mas ao começar o ano na primeira posição do Ranking, é uma ideia que se vai começando a construir.

Proxima etapa deste circuito dias 09 e 10 de Abril, Praia do CDS, Café do Mar.  
     

sexta-feira, 11 de março de 2011

Kelly Slater

Muito se tem escrito e falado sobre Kelly Slater e o seu domínio assombroso no circuito desde que começou nestas andanças, sobre a sua retirada, uns defendem que deve sair para dar mais competitividade ao circuito, outros defendem que o circuito sem ele não será a mesma coisa.
Li numa entrevista a Mick Fanning em que ele dizia o quanto foi importante para ele ganhar os dois títulos mundiais com Slater no circuito, que isso lhe tinha dado uma certa legitimidade aos títulos obtidos. De facto só dois atletas, Fanning e Irons, conseguiram ganhar títulos mundiais contra Slater. Andy foi o seu grande rival. Ainda assim, tambem eles assistiram a sua recuperação do domínio no circuito.

Os novos talentos apontados como potenciais candidatos ao titulo como Jordy e Dane tambem estão a assistir ao domínio de Slater. É inegável a qualidade do surf apresentado por estes dois jovens surfistas, o contributo e inovação que estão a dar ao surf e à competição, mas o que é certo é que tambem eles estão a assistir à readaptação de Slater ao novo estilo de surfar e de competir de acordo com os novos critérios de julgamento do circuito actualmente. Slater domina a competição numa altura em que só se fala no surf inovador de Jordy, Dane, Owen entre outros. Ora isto vai ter consequências no futuro destes jovens. Eles são apontados como os melhores surfistas mas quem ganha títulos é Slater. Quando Slater se retirar, e isso irá acontecer um dia, todos se vão lembrar que Jordy, Dane e outras promessas não dominaram a cena competitiva enquanto Slater por lá andou.
Mesmo que no futuro estes ou outros jovens talentos que estejam neste momento no circuito sejam campeões, será sempre lembrado que enquanto Slater teve idade, físico e disposição mental para competir, ninguém lhe levou a melhor, só pontualmente.  

Pessoalmente, acho que a geração dos Andinos, Pupos, Geiselmans e por ai fora, poderá vir a ser a única que não verá o domínio de Slater questionar as suas prestações.
Será a única que, em principio, ficará livre de Slater e do seu fantasma.

segunda-feira, 7 de março de 2011

1ª Etapa Circuito Nacional de Esperanças

Com o sistema de palanque duplo adoptado pela organização, foram necessários apenas dois dias para concluir a 1ª etapa do Nacional de Esperanças na Costa de Caparica, CDS.
As condições estiveram muito fracas, não estão os melhores fundos no CDS, as ondas rondaram menos de meio metro, com algum vento a entrar na parte da tarde nos dois dias.
Mesmo não havendo nenhuma prestação de excelência, houve vários atletas nas várias categorias que mostraram uma boa capacidade de adaptação e um nível de surf bastante razoável.

O primeiro atleta do meu grupo a entrar na agua logo pela manhã foi o Goncalinho Rangel Lima, na categoria de Sub 14. Esta foi a sua primeira participação num nacional, e apesar de estar preparado em vários campos, a rotina, a habituação e a experiência nestas andanças só se ganha participando. O Gonçalo ainda apanhou a maior e melhor onda do heat ganha numa disputa acesa, mas não conseguiu mostrar as suas reais capacidades, tendo sido eliminado.
Tenho a certeza que o Gonçalinho esta ansioso pelo próximo heat para mostrar o seu surf!

O segundo atleta a entrar na agua foi o Pedro Pi em Sub-16. Pi venceu a sua bateria do Round 1. Nos quartos de final protagonizou uma boa recuperação de 3º para 2º nos últimos minutos, apurando-se assim para as meias finais. A bateria das meias finais foi bastante disputada com todos os atletas a ficarem com scores muito juntos. O Pi ficou na quarta posição a pouquíssimas décimas do segundo lugar. No fim da bateria, na ultima onda somou 3.90pts quando precisava de 4.11pts para segundo, que daria presença na final.

Já recomeçamos hoje o trabalho com vista ao próximo Campeonato Regional já no próximo fim-de-semana, 12 e 13 de Março, na mesma praia do CDS.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Resultados da medição de velocidade



A ASP já tinha anunciado que iria, através de um sistema GPS, fazer uma medição à velocidade de performance dos surfistas durante a primeira ronda do Quicksilver Pro na Austrália, com a finalidade de apurar quem seria o surfista mais rápido.
Os resultados em si não surpreendem muito, Fanning foi considerado o mais rápido, seguido de Joel Parkinson, Bede Durbridge e Kelly Slater.
Taj Burrow parece ser sempre o mais rapido, mas não é o que atinge picos de aceleração maiores.

O que é surpreendente são os locais da onda em que essas velocidades foram atingidas, ou seja, foram atingidas em curvas e não em down the line.
O critério de julgamento diz que a primeira manobra é a mais importante, a que define o set up da onda.

Fanning atingiu a velocidade de 39,1km num gancho todo feito no rail após um excelente bottom turn, depois de ter saido de um tubo. Ou seja, foi na primeira manobra depois do tubo.
Slater obteve a velocidade de 32.km tambem na primeira manobra logo no inicio da onda, num gancho tambem todo feito no rail, após um poderoso bottom turn como só ele faz.
Aquilo que já sabíamos, mas que ainda não tinha sido cientificamente testado, é que o bottom turn é um gerador  impressionante de velocidade.

Martin Potz comenta que devido ao pequeno tamanho das ondas, a maior percentagem desta velocidade é obtida através da movimentação e posicionamento do corpo. Potz deixa no ar a ideia que, quando as ondas tiverem mais power, as velocidades poderão ser mais elevadas.

Vejam o vídeo, vale a pena para perceber de forma objectiva, a importância dos pontos de obtenção de velocidade!