segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Slater 11

Depois do erro nas contas por parte da ASP, Slater leva o 11. E, na minha opinião, os adversários para este RD4 que lhe valia o titulo, não podiam ter sido mais interessantes. Dois dos mais jovens promissores e encantadores surfistas do momento e do futuro.
Este heat tinha duplo interesse e significado. Se Slater ganhasse, levava o 11 e mostrava que os new kids "ainda" não chegam para ele, competitivamente falando. Se perdesse, perdia o titulo em San Francisco e perdia tambem algum hipe para os new kids.
A única grande vantagem que vejo Slater ter em relação a todos os new kids, é a experiência e um conhecimento brutal dos critérios de julgamento da ASP. E acho que foi com esses dois argumentos que Slater vence o heat. As ondas estavam inconstantes, de difícil escolha. Slater foi claramente melhor neste campo. Os Brazzo kids pareciam um pouco nervosos, a precisar de algumas ondas de inicio para sacudir a pressão do heat, Slater precisou de 3 ondas para se sacudir até conseguir um high score de 8.07 e na onda seguinte um 9.10. Medina precisou de 8 ondas para um low seven e de 13 ondas para um high score de 8.10. Isto parece ser uma constante nas suas prestações. Medina precisa de entrar na onda para ver se tem potencial, Slater consegue ser muito mais acertivo, fruto da sua experiência e obsessão pelo comportamento das ondas.
Pupo encontrou o ritmo mais cedo, mas não conseguiu encontrar aquela onda com o potencial certo para maximizar o score das manobras que fez.

No entanto, a torcida Brasileira não ficou muito contente com o facto de toda gente concordar com score atribuído ao 9.10 do Slater, fazendo logo comparações com o celebre floater do Mineiro no Rio. Na minha opinião, não há ponto de comparação possível a nível técnico. Slater faz duas manobras altamente criticas e empenhadas, um reo vertical e o floater numa secção buracosa e de muito dificil aterragem. Mineiro faz apenas uma manobra, um floater longo numa secção mais espumosa e menos buracosa. A única comparação é que ambas as ondas, do Slater e do Adriano, foram com tamanho e de parede sempre levantada até ao fim, em dias de difícil escolha de ondas com potencial.
Slater faz duas manobras criticas, Adriano fez a dele parecer critica, com o agachamento no fim e o claim.

Espero que a Rip Curl nos presenteie com uma melhor localização para o seu Search no proximo ano.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Jack Robinson, o Medina Australiano! Há dúvidas?

Surfing Prodigy Jack Robinson from Quiksilver Australia on Vimeo.

Slater e a sua 5 fins

Screwin' Round Blues from Future Enigma on Vimeo.

Small waves, nice moves

http://vimeo.com/30413971

Rip Curl Portugal

Que evento!
A praia de Supertubos a fazer justo ao seu nome! Três dias seguidos de tubos atrás de tubos, maré vazia, maré cheia, impressionante. Praia cheia todos os dias! Melhor era impossivel!
Adriano de Souza foi o vencedor do evento, derrotando Slater. Adriano não foi o melhor surfista em prova, mas no fim é que se fazem as contas, e no fim, Adriano ficou com a melhor onda do heat e levou o caneco. O facto de ter chegado mais cedo a Peniche devido à derrota precoçe em França, tendo conseguido assim mais tempo para se adaptar ao estilo local, contribuiu certamente para o sucesso.
Jonh Florence, Heitor Alves e Xico Alves foram para mim as surpresas agradaveis do evento.
Parabens ao Xico pela excelente forma e atitude com que lidou com a presença no evento!

Há neste momento 7 brasileiros no WT: Adriano, Raoni, Pupo, Medina, Jadson, Alejo e  Heitor Alves, com possibilidade de mais 2 ou três entrarem no próximo ano.
Adriano venceu dois eventos este ano, afirmando-se como o lider do assalto brazo ao WT. Medina venceu em França, logo na sua segunda etapa de estreia no WT, fazendo antever o futuro promissor que tem pela frente.
Tudo parece estar em linha para os atletas Brasileiros serem fortíssimos nos próximos anos. Com a aproximação dos eventos ao publico/cidades, cada vez temos mais eventos em beach breaks, onde os brazos são especialistas. Slater mais cedo ou mais tarde estará de saída, os miúdos maravilha Medina, Pupo e Alejo estão a chegar para ficar.
Se a entrada for feita com domínio mas sem arrogâncias, talvez a ASP não mude as regras!!

Enquanto Slater não sai, vai mostrando que continua a ser o rei do jogo, fazendo todos os outros parecerem impotentes para o travar. Nem Jordy, nem ao que parece Owen foram capazes de pelo menos levar o titulo para Pipe. Slater não tem rival, não teve antes de Andy na decada de 90, e continua a não ter agora. Esperemos que Medina não lhe desperte isso. Ia ser brutal para o desporto, mas possivelmente muito destrutivo para um dos dois.
  

Boas vindas

Boas vindas ao Rui Barreto e ao Daniel Abreu! Espero que os treinos vos ajudem a atingir os vossos objectivos!

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Trestles

Quem é que não ficou maravilhado com a performance do Julian Wilson em Trestles?
Ele não ganhou o evento, nem chegou à final, mas para mim foi a surpresa da prova. Tal como Jeremy em Teahupoo, o destaque não foi para o vencedor. O power nas manobras, a variedade, a radicalidade e o estilo de Julian Wilson fazem dele um dos surfistas mais agradáveis de ver competir no WT. Cometeu alguns  erros, uns de timing de dominio do heat, outro muito rookie contra Parko, de quem se vingou à grande, outro contra Owen que gerou muita polémica.

No Rd4 contra Parko e Fanning, aquele shove it com reverse no fim deu-lhe um 9.80? O que é que faltou para ser um 10? " Tal como o Julian questionava "o que é que tenho de fazer mais?"
Se o Julian tivesse feito essa onda num momento crucial do heat, talvez fosse 10. É estranho o critério subjectivo da ASP, mas é assim que se joga, e é assim que os surfistas têm de pensar - Impresse the judges at the right time.

Slater, matreiro, lá levou mais um troféu em Trestles. A mestria com que doseia a sua performance, guardando para os momentos cruciais o seu melhor surf, fazem dele um mestre a vencer competições. Não adianta de nada num heat partir aquilo tudo para depois no outro estar muitos furos abaixo na concentração e cometer erros que levam à derrota. Slater é um freak da preparação, da concentração, da consistência, na escolha de onda, na escolha das manobras e o que elas representam em score, competindo exactamente como precisa para ser um pouco melhor que os seus adversários.
Não me lembro de ver o Slater fazer um daqueles aley-oops animais em competição se não precisasse de conseguir numa onda de merda um excelente score para passar o heat (Peniche contra Davidson, final em Bells contra Fanning e Bede, Us Open contra Payne). Ele não faz só por fazer, faz quando é preciso, mantendo assim a espectacularidade cada vez que o faz, num momento critico do heat - Impresse the judges!
O que interessa quando toca a buzina, é quem está em primeiro no heat.  

Quando o Julian Wilson aprender estas matreirices, será um World Title Contender.

21 anos atrás, o mesmo spot, Trestles, o mesmo vencedor, Slater

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Bobby Martinez

A polémica entrevista de Bobby Martinez no QSPRONY não surpreende. Estava-se mesmo à espera que alguma coisa do género iria acontecer. O que talvez surpreenda são algumas opiniões a favor da atitude do Bobby e a favor do que ele defende. A ASP pode não ser a mais perfeita organização, mas não é assim que alguma coisa vai mudar. A falta de educação não pode ser tolerada pela ASP. Lembro-me do Slater que, ao não estar de acordo com algumas directrizes da ASP, ameaçou criar o seu próprio circuito, apresentou propostas à ASP, muitas das quais acabaram por ser aceites, tornando o circuito no que é hoje. Mais prize-moneys, menos surfistas, maior competitividade para os circuitos WT e WQS, maior competitividade e interesse postos em cima dos ultimos da tabela do WT, sob o risco de serem ultrapassados por outros. Acho que era unânime a opinião de que assistir a heats entre os últimos classificados do ranking do WT era no mínimo, chato. Ora para essa chatisse não se prolongar por um ano inteiro, a ASP resolveu o corte no Ranking. As entradas de Gabriel Medina, Pupo e Yadin (lesionado vai dar lugar a John John Florence) vão dar um novo hipe ao circuito. Quanto a isso, acho que ninguém discorda.

Por outro lado, Bobby é contra o facto de se poder ser ultrapassado na classificação por surfistas contra os quais não se competiu.
Ele não competiu porque não quis. Os Prime e Star Events são abertos a atletas do WT e atribuem agora preciosos pontos. Kelly Slater, Julian Wilson, Damien Hogbood ou Alejo Muniz são alguns dos vencedores de eventos Prime e são todos atletas do WT. E alguns eventos são em excelentes spots como Trestles, Margaret River ou Sunset.
Os atletas qualificados no inicio do ano para o WT têm a possibilidade de, se as coisas lhes correr bem, se requalificarem apenas com provas do WT. Caso contrário, tem o fantástico bónus extra de poderem participar em eventos Prime e Star com atletas menos rankiados e garantirem ai pontos suficientes para a requalificação!
Este corte no ranking, na verdade, defende os surfistas do WT. Ficou muito mais difícil para um atleta do  WQS qualificar-se para a elite do WT. O facto é que neste corte apenas 3 surfistas conseguiram essa proeza.
Um bom exemplo é Travis Logie, que ao ver a vida andar para trás, correu uns quantos WQS, correu atrás do prejuízo e no fim teve a sorte de garantir a qualificação por Wildcard. Vai estar o resto do ano na elite a fazer o que mais gosta, surfar e competir.

Aqui em baixo, as entrevistas do Bobby Martinez

http://www.youtube.com/watch?v=z-hpE6uwvoM&NR=1
Entrevista 1

http://www.youtube.com/watch?v=gz3hF8cwYVI
Entrevista 2

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Quiksilver Pro New York





City of New York, Big Apple, Capital do Mundo ou a Cidade das Cidades, muitos são os nomes pela qual é conhecida a cidade mais populosa dos Estados Unidos com 20 milhões de habitantes, onde se falam 170 idiomas e 36% da população nasceu fora dos Estados Unidos.  
Long Island é uma ilha situada no sudeste do estado de New York com 190km de comprimento mas apenas 37km de norte a sul. Long Beach é uma das zonas de praia de Long Island, palco para este mega evento da Quiksilver.
Long Beach, virada a sul, tem a fossa subaquática “Hudson Canyon” a criar uma situação privilegiada para encaminhar os frequentes mas inconstantes swells que se formam nesta altura do ano com origem em “Hurricanes”, como o recente Irene, podendo dar origem a ondas com power e uns bons tubos. A época dos furacões estende-se entre Junho e Novembro, sendo Agosto e Setembro o pico alto. A somar, temos o facto de este ser um ano de La Nina, logo espera-se muita actividade no Atlântico nesta altura do ano.

Bob McKight, CEO da Quiksilver diz que este vai ser o maior evento de surf alguma vez realizado;

“We are beyond excited to host the biggest pro surf event in the world on Long Island this September,”
“There has always been a huge contingent of dedicated surfers and surf enthusiasts on the East Coast and they will now get a chance to watch the world’s best surfers in Long Beach. We are also bringing the best and brightest Quiksilver, Roxy and DC athletes to New York City, the largest media arena in the world, for twelve days of surf, skate, BMX, fashion, art and music that will bring incredible global attention to these phenomenal athletes and the action sports culture and lifestyle.”

Este é o evento após o qual se dá o corte no ranking, aumentando ainda mais a expectativa!
Após alguma controvérsia, o período de espera vai de 5-16 de Setembro e tem o modesto prize Money de 1 milhão de dólares!

Teahupoo

A edição deste ano do Billabong Pro Teahupoo foi um dos campeonatos mais emocionantes de que tenho memoria. Lembro-me de heats emocionantes em muitos eventos, finais em Pipe, kelly vs Andy etc. mas nenhum campeonato me fez despertar interesse e vontade de assistir a todos os heats, sem excepção, como este.
No RD1 o interesse foi para perceber como estariam os surfistas a adaptar-se, quem está a fazer o quê, quem está com "hipe" ou quem não está.
Depois foram os sucessivos Lay Day a lidar com a expectativa do que seria efectivamente o super swell que estava previsto.
Eis então que chega o swell e....EVENT IS ON!
No RD2, o primeiro heat foi de loucos! Fiquei fã do Jeremy depois de o ver atira-se a ondas em que a percentagem de sucesso do drop estava seriamente comprometida. Ainda assim, Jeremy mostrou que "os" tem no sitio! Excelente atitude, grande técnica e empenho nos tubos de backside. Para mim pessoalmente, foi o homem do evento. Alêm disso, faz um 20 no RD5 eliminando Bourez com 18.13.
Travis Logie, Josh Kerr, Raoni Monteiro e Brett Simpson completam a minha lista de agradáveis surpresas neste evento. Para Owen Right acho que era só uma questão de tempo para se afirmar nestas condições. Slater é Slater, muito à frente de todos os outros, seja a nível de equipamento, seja a nível de conhecimento da onda, seja a nível de confiança mental e física, ele domina todos os campos que envolvem a competição. As estatísticas não deixam duvidas,  nos 1/4 os seus números eram: 834 heats realizados - 632 vitorias - 76% de vitorias.
Andy fez e vai continuar a fazer muita falta, especialmente neste evento que parecia bem talhado para seu surf.
AI Forever.

New York será a etapa do corte no Ranking. Quem fica, quem sai, quem entra? Mais emoção para breve!!

Kolohe vs Pi

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Alejo Muniz

Alejo Muniz está a tornar-se seriamente num dos meus surfistas favoritos. Adoro os seus bottom turns, o modo como lê as ondas e o timing exacto das batidas.  Este vídeo é ainda do tempo na QS. Tem outro no Youtube Aqui  já na Nike 6.0, a partir tudo!

 

Carver Skateboards

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Hot summer

                                           
Depois de um longo mês de Julho, entre treinos e campeonatos, finalmente uma semana para assentar ideias, rever prestações e descansar um pouco antes dos próximos eventos. Para isso, nada melhor que uma saltada de 4 dias a Menorca, onde pensava eu que não iria ter qualquer contacto com nenhuma onda com mais de 3 cm. Puro engano. O levante que entrou durante alguns dias, fez aparecer uma direita de 0,5 numa das praias viradas a sul da ilha, direita essa que me fez andar pela areia a olhar para todos os chapéus-de-sol na expectativa de encontrar alguma coisa, prancha ou bodyboard, com que pudesse atirar-me aquela direita, que parecia não interessar a mais ninguém.
Depois do desespero ter passado, e de regresso ao computador, aqui ficam os resumos das duas etapas dos Pró Junior Europeu em terras Bascas, San Sebastian e Sopelana.

San Sebastian, Oakley Pro Junior

21 de Julho, La Zurriola, San Sebastian, arranca o Rd1 dos 124 surfistas em prova. Mar difícil, 0,5 um pouco mexido, o Pedro Pi estava no Heat 4. Foi a sua estreia em provas Europeias. A gestão de escolha de onda foi acertada. O facto de ter realizado manobras incompletas, ia-lhe custando o heat. Apesar de esperarmos um pouco mais da sua prestação geral, passou o heat em primeiro graças a uma onda conseguida nos momentos finais, com um floater crítico e uma boa fechada de onda, passando de 3º para a 1ª posição.

No RD2, o facto de ter continuado a realizar algumas manobras incompletas, deixou-o novamente em apuros, e desta vez, não conseguiu o score que precisava para passar o heat nos dois primeiros lugares.
Fiquei surpreendido com o nível técnico dos muitos surfistas que vi ao longo da prova. A tendência para ir para o ar ou para “big moves” foi uma constante! Apenas nos atletas mais velhos assisti, de maneira geral, a um cuidado maior com a estratégia.
O que não me surpreendeu foi a resposta do Pi e do Gonçalinho no free surf nos restantes dias que passamos entre San Sebastian e Hossegor. Os putos estavam on fire!

Sopelana, Billabong Pro Junior

A cerca de 80 km de San Sebastian, muito perto de Bilbau, está Sopelana, palco da outra etapa em terras Bascas do Pro Junior Europeu. No Rd1 do Pi, estava maré cheia, 0,5 com poucas ondas a entrar. Novamente, o Pi passou o seu heat em 1º, fruto da boa estratégia de conseguir logo no inicio, nas mais pequenas de inside, scores com uma ou duas manobras. Bastou-lhe depois posicionar-se mais no ouside com prioridade posicional para fechar o heat com uma onda do set.
No Rd2, perdeu na 3ª posição, mas apenas pecou por ter deixado duas direitas com potencial para os seus adversários. Arriscou nas manobras, arriscou conseguir scores altos, jogou com objectivos altos e é desta forma que eu exijo que qualquer um dos meus atletas entre em competição. O Pedro não passou ao Rd3, mas é esta a atitude certa a ter em competição. Como alguem disse, "go big, or go home".
É na competição que se fazem campeões, não no free-surf.  

Depois de “sacudida” a pressão da estreia em provas Europeias, posso dizer que o balanço é muito positivo, tanto para o Pi que participou em ambas, como para o Gonçalinho e Miguel, em que ambos presenciaram e absorveram o que irão encontrar no futuro.
O final de tarde em Bakio com o Miguel, Diego e o Pi, foi muito simpático!

Próxima competição será o Nacional de Esperanças em Viana do Castelo, Afife, Praia da Mariana dias 12,13 e 14 de Agosto. Miguel Costa, Pedro Pi e Gonçalo Lima Rangel serão os atletas em prova.  

terça-feira, 28 de junho de 2011

Taj Burrow, o livro do "hot surfing"



Comprei este livro há uns bons anos, e na ultima passagem de Taj em Portugal, tive oportunidade de lhe pedir para autografar. É muito pratico, objectivo e está dividido por secções de interesse. Mas o que mais gostaria de realçar é o comentário de Taj Burrow na pagina de introdução do site Aqui que serve de apoio ao livro, mas menor em conteúdos.

"This is not a typical how to surf web-site. It has no instant solutions. You may learn some things from it quickly, think you’re doing okay, then one day everything will go wrong. You will pound your board with your fists because it keeps bogging a maneuver. You will miss waves, and swear like an obnoxious fool. And you will have sessions that are so disappointing you’ll wanna jam your board into the car park bitumen until it's in pieces. Think it's easy, once you know how? Forget it. Stop reading now. Frustration and anger are regular companions to anyone who wants to surf well"

Pode ser comprado tambem Aqui

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Quiksilver WQS Prime, Ribeira DÍlhas, Portugal

Julian Wilson foi o vencedor deste Quiksilver WQS Prime com um score final de 19.37, deixando na segunda posição a outra grande sensação do evento e dos ultimos tempos, Gabriel Medina de 17 anos.

O show de surf da nova geração de surfistas foi simplesmente impressionante. Julian Wilson (rookie no WT), Gabriel Medina, Miguel Pupo e John John Florence ocuparam a grelha de heats nas meias finais. Fazer scores de 8 e ser eliminado em combinação revela bem o nível de surf destes jovens surfistas.
A estratégia de Wilson na final foi a mesma utilizada nas meias finais contra Miguel Pupo. Ficar mais posicionado no inside onde efectivamente a onda entrava mais vezes com bowls bem levantados que permitiam algumas manobras no critico com possibilidade tambem critica na finalização. Nas mais finais assim como na final, ainda com poucos minutos de heat decorridos já Julian Wilson tinha dois bons scores a deixar os adversarios em combinação.

Gabriel Medina, embalado pela vitória no ultimo WQS Prime no Brazil, foi a sensação do evento. A qualidade técnica e estratégica que este miudo de apenas 17 anos apresentou ao longo do evento é absolutamente impressionante. Fez a nota mais alta do evento, 9.87, nos quartos de final faz um total de 18,37, nas meias finais 17,00 e na final 12,83. Na final, Medina teve dificuldade em encontrar os sets mais de outside que lhe valeram scores de 8 e 9 e a possibilidade de descartar 7,50 em heats anteriores.  

Gabriel Medina: “I could not find a good one in the final but I am happy with this result. Julian got two 9’s in the final and he surfed really well so congratulations to him. Now I head to my next event in a couple of weeks in Ballito, South Africa and I hope I can do well there like I have done here.”

Julian Wilson:  “I felt good right from the start when in my first heat of the contest I had a 9 and an 8 and I felt comfortable out there. I never went too much out of my comfort zone and just surfed strong and made sure I was winning heats because I wanted to win this event. I was going to do whatever it took to do it.”

Como se sabe, após o evento de New York haverá um cut no ranking do WT. Com os resultados obtidos neste evento, Julian Wilson (15º) garante uma posição mais confortavel no World Ranking e Gabriel Medina (18º) garante praticamente a entrada no WT após o corte no evento de New York. Miguel Pupo (25º) subiu mais uns lugares na corrida para garantir uma vaga nos 32 que irão disputar os restantes 5 eventos do WT.

3ª Etapa Circuito Nacional Esperanças - Aveiro

Decorreu em Aveiro durante os dias 10,11 e 12 de Junho a 3ª Etapa do Circuito Nacional Esperanças.
Apesar de no dia 9 as condições se apresentarem excelentes, durante o evento a entrada de vento on e side-shore afectou um pouco as condições de prova durante algumas fases da maré.
A prova arrancou em palanque duplo logo pela manha de sexta feira, ainda sem vento com as categorias de Sub-14 e Sub-18.
Gonçalinho nos Sub-14 passou o heat do Rd1. A nível da prestação, o Goncalinho teve boas escolhas de onda mas nas primeiras manobras não arriscou muito, fazendo as manobras muito por baixo em vez de atacar a parte mais alta dos lips ou espumas, com empenho!
Pedro Pi, que entretanto partiu um dedo do pé antes do heat, passou em primeiro para o Rd2 na Categoria de Sub-16, apesar de algumas dores que sentia. Dias depois, já em Lisboa, percebeu que tinha o dedo partido e deslocado.
Sabado, o Gonçalinho e o Pedro entraram na agua para os respectivos heats Rd2 exactamente ao mesmo tempo. O Gonças atacou mais o topo da onda bem como nas junções mas o nível dos seus adversários acabou por ser superior em alguns detalhes, como a rapidez nas manobras, que levou à eliminação do Gonças.

O Pedro, André Faria e Tomás Fernandes disputaram os primeiros lugares no respectivo heat do Rd2. Tomás Fernandes apareceu mais confiante e determinado que nos últimos eventos e tomou a liderança do heat logo nos primeiros minutos e manteve-se assim até ao fim. O Pedro e o André Faria disputaram até aos últimos segundos a segunda posição. Mesmo no fim do heat, com o Pedro a precisar apenas de 2,70 para segundo, entra numa onda intermédia que muito possivelmente lhe daria até mais que o score que precisava mas faltaram alguns detalhes que têm sido até exactamente os que temos vindo a treinar recentemente.
Para terminar o fim de semana, nada melhor que um furo em plena A8 no regresso a casa, que nos levou 30 minutos a resolver. Percebemos que para alguem parar na estrada para pedirmos uma chave inglesa é tão dificil como mandar parar aviões!

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Slater e o Billabong Rio Pro


Kelly Slater ficou na 13ª posição no Rio de Janeiro, perdendo prematuramente no RD3 para um Bobby Martinez muito inspirado. Depois de Slater ter cometido um erro ao deixar Martinez arrancar numa direita que entrou para as suas melhores ondas, foi quase desesperante ver um Slater acesso a tentar encontrar uma onda que teimava em não aparecer. Mesmo no fim, inventa um tubo que o deixou a decimas do score que precisava. Ao acabar o heat, Slater sentiu que este resultado foi uma frustração enorme, a nível emocional e pontual, pois deixa-o mais atrasado na corrida pelo titulo. Perder no RD3 não pode deixar ninguém satisfeito. A tal ponto que Slater foi directo surfar durante 1h30 num pico mais ao lado do seu heat sem ter entregue a licra de competição, o que lhe valeu uma multa da ASP em 5$mil dolares.
Durante esse "free surf" o homem fez de tudo desde tubos a aéreos, nas condições fraquissimas que a Barra apresentava nesse dia.
Não é a primeira vez que Slater demora algum tempo a se recompor antes de dar entrevistas. Tambem foi assim em Portugal ao perder para Owen Wright e em Pipe em Dezembro passado depois de perder para Flores. Por a cabeça no lugar e acalmar os nervos são a melhor forma de evitar dizer coisas que mais tarde se iria arrepender. Desta vez demorou hora e meia e uma multa para se recompor. Slater disse depois já em jeito politicamente correcto, que não tinha ficado tão chateado com a derrota e que Martinez tinha surfado bem.
Pois pois!
     

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Rip Curl Grom Search - Balanço final

Terminou a 1ª Etapa do Rip Curl Grom Search, praia do CDS. Na categoria de Sub-16 o vencedor foi João Kopke, Miguel Blanco em segundo, Pedro Pi em terceiro e João Berberan na quarta posição.

Com ondas entre 0,3 a 0,5, a organização teve de jogar com os adiamentos e vários check in´s de forma a "fugir" dos períodos de maré cheia e flat. O Gonçalinho em Sub-14 teve a melhor prestação técnica de sempre em competições, no entanto viu o resultado final ser penalizado por uma interferência de remada, que o impossibilitou de seguir para a ronda seguinte. A evolução do Gonçalinho nos últimos meses teve os típicos altos e baixos, mas neste momento está num excelente período de ascensão técnica e motivacional. O resultado de um ano de empenhamento e assiduidade, está a dar os seus frutos. Este miúdo está a RIPAR umas ondas!

Nos Sub-16, o Pi esteve simplesmente soberbo. Muito enquadrado com o tipo de surf a fazer de acordo com as condições do mar, passou em 1º no RD1 e na meia final com Tomás Fernandes, Miguel Madeira e Miguel Blanco.
Na final, logo no inicio conseguiu um bom primeiro score mas não conseguiu completar a manobra de finalização na segunda onda de back up, o que lhe daria muito possivelmente perto de 5pts, se não para primeiro, certamente para o segundo lugar.
Cada vez mais perto....
  
    

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Rip Curl Pro Junior e Grom Search, Caparica, Praia CDS


Começa amanha na praia do CDS, a etapa única que irá apurar o vencedor entre os melhores atletas abaixo dos 20 anos que disputam o Pro Junior Nacional.
Sabado, na mesma praia da parte da tarde, tem inicio o Grom Search que irá apurar os 2 vencedores das categorias Sub-16, Sub-14 e Sub-12 que irão representar Portugal na final Europeia, em Hossegor.

O Ckeck in da prova está marcado para as 8h00.
Link dos heats no Twitter Update.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Adriano de Sousa vence no Rio

Depois de 10 dias de evento, Adriano de Sousa vence Taj Burrow na final levando o caneco e o cheque para casa.
Ao rever os heats nos "videos on demand", sem por em causa o vencedor do evento, os scores do heat dos quartos de final entre Adriano e Owen Wright parecem-me um pouco polémicos. O trabalho dos juízes é difícil mas neste heat houve ali alguma confusão com os scores. Ou os scores do Owen foram muito baixos ou o floater do Adriano foi muito pontuado. Alem disso a ASP emitiu um comunicado tentando minimizar os estragos ou as polémicas que se foram instalando em blogs e sites.

A onda em que o Adriano faz o floater foi de facto a maior onda do heat, o floater foi longo e com finalização critica, mas dai a ter aquele score, parece-me muito discutível. Um floater é um floater, não é um aereo reverse nem um tubo, nem as quilhas andaram de fora. Se tivesse havido uma manobra de qualidade antes do tal floater, ai sim talvez a nota fosse acertada.

Recordo-me de um manobrão de Kelly Slater de quilhas de fora sobre o grosso e crítico lip de Teahupoo com finalização em air drop ser brutalmente mal pontuado, pelo grau de dificuldade e risco que aquela manobra implicava. Os juízes da ASP ai não tiveram em conta a rasa bancada de coral num dia em que se pontuavam manobras em Teahupoo, mas argumenta que a finalização do Adriano foi no raso banco de areia e que isso, tal como o tamanho da onda, justifica a nota. Imagino que ser juiz seja uma tarefa muito difícil, ainda por cima em eventos desta natureza e com um criterio de julgamento tão subjectivo que permite várias argumentações, mas há scores que de facto são polémicos.

Seja como for, o Adriano surfou muito neste evento, na final foi implacável na escolha de onda contra Taj que tambem esteve lindamente durante a prova.
O titulo mundial continua em aberto o que só aumenta a expectativa para os próximos eventos. No entanto, este ano pela primeira vez, aposto em Taj para campeão do mundo.
Alem de estar a surfar muito, os números até agora tambem lhe são favoráveis. Se deitarmos fora o pior resultado dos candidatos, Taj é o que tem a soma dos dois melhores resultados com dois 2ºs lugares. Se ganhar o próximo evento então ai fica mesmo o mais bem posicionado candidato do grupo dos que ganharam eventos, Adriano, Parko, Slater e Taj.
A ver vamos!

Adriano   - 9º, 3º, 1º
Parko      - 9º, 1º, 5º
Slater       - 1º, 5º, 13º
Taj           - 2º, 25º, 2º

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Rio de Janeiro - World Tour

A ultima passagem do Tour pela cidade do Rio de Janeiro foi em 2001.
Nessa altura ainda contabilizavam o score das 3 melhores ondas, e o então rookie Trent Munro venceu Mark Occhilupo na final, na Praia do Arpoador. Cj Hobgood, que tinha sido eliminado nas meias finais, assumiu a liderança do Ranking para meses mais tarde se tornar campeão do mundo depois da tragédia do 11 de Setembro.
Outro rookie nesse ano foi Joel Parkinson, ficou em 3º na etapa eliminado por Munro.
Em 2001, nomes como Shane Dorian, Rob Machado, Luke Egan, Pat O'Connel e Peterson Rosa corriam o circuito. Slater estava no seu retiro de 3 anos depois de ter ganho 6 títulos na década de 90.
Alguns dos vencedores no passado foram:

2000 - Kalani Rob
1999 - Taj Burrow
1998 - Peterson Rosa
1997 - Kelly Slater
1996 - Taylor Knox
1995 - Barton Lynch
1994 - Shane Powel
1993 - Dave Macaulay
1992 - Damien Hardam
1991 - Flavio Padaratz

De volta a 2011, dos três picos (Arpoador, Barra da Tijuca e Recreio) que serão possíveis palcos do evento este ano, já tive oportunidade de surfar no Arpoador e na Barra. O Arpoador, chamado de Arpex é um point break de esquerda entre Copacabana e Ipanema, o crowd é intenso quando está ON. A Barra e o Recreio ficam mais para Sul e são ambos beach breaks.

Palpites? Há sempre os destaques que ao longo do evento fazem heats fantásticos, scores altíssimos mas para a vitoria final aposto em Slater, Jordy ou Taj

terça-feira, 3 de maio de 2011

Como ganhar ao Kelly Slater

Kelly Slater vs Owen Wright no Rip Curl Search Portugal, Pico da Mota.
Na entrevista no final do video, Owen Wright explica como.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Querer ganhar!

"os campeões não são pessoas normais"
"os campeões regularmente fazem coisas que os outros acham chato ou aborrecido fazer"

Frases do Head Coach da equipa Júnior Australiana.

Características como ter paixão pelo que faz, treinar arduamente, pensar como um atleta, ter sua vida bem organizada, seguir um conjunto de programas, ideias e objectivos com um único fim - ganhar e nunca desistir sejam quais forem as adversidades que apareçam pela frente -, são algumas das caracteristicas que estão presentes de forma muito vincada na personalidade dos atletas campeões.

Os campeões com regularidade, ou seja, aqueles que vencem mais que uma vez, assumem sem preconceitos ou receios que estão nas competições para ganhar, ganhar é tudo o que interessa. Sonhar com vitorias, chegar ao pódio e levantar troféus que tanto se sonhou é totalmente legitimo! A questão é que isso só se consegue, de forma repetida e consistente, com muita organização pessoal/familiar e muito treino. Nada acontece por acaso e no desporto muito menos. Só treinando muito é que se consegue desenvolver aquela ponta de talento que alguns apresentam, mas poucos desenvolvem. O sucesso só está ao alcance de um restrito grupo de atletas, aqueles que mesmo em momentos de duvida das suas capacidades se superaram e continuaram a acreditar que tudo depende do seu esforço pessoal, e não da sorte.

Nem sempre é fácil manter esta atitude de segurança, certeza e obstinação pelo que se quer. Por vezes há derrotas ou outras situações que põe tudo em causa, revelam fraquezas e inseguranças. O que é preciso aceitar é que isto faz parte do processo, é normal sentir essas inseguranças, é normal perder, é normal ter esses momentos de incerteza sobre se se é capaz de atingir o que se desejou. Se não existissem estes momentos complicados, todos seriam campeões, o caminho seria fácil sem obstáculos. Os verdadeiros campeões aceitam estes problemas como sendo parte do processo. Uma derrota pode ter duas consequências:  fazer um atleta duvidar das suas capacidades ou por outro lado por fazer com que se queira treinar mais e com mais empenho de forma a melhorar os pontos fracos que o impediram de atingir o resultado desejado.

Nas camadas mais jovens acontece algumas vezes o fenómeno de, um atleta muito talentoso e que treina menos tempo comparando com outros, ganhar a maioria dos eventos. Mas será que irá ser assim no futuro, nas categorias Seniores, numa altura em que o trabalho a maioria das vezes derrota o talento?

Até se conseguir obter bons resultados de forma consistente, é preciso gerir e aproveitar as derrotas como uma das melhores formas de aprendizagem que existem no desporto. Nem todos atingem a maturidade ou o grau de desempenho desportivo desejado ao mesmo tempo.

Como se obtém aquela confiança ou determinação para assumir o "eu quero ganhar"?
Acima de tudo é através de um desejo ou obstinação enorme de querer vencer, de querer subir ao mais alto lugar do pódio. Depois é treinar, treinar e treinar, organizar a sua vida para ir conseguindo ultrapassar os vários obstáculos que irão tapar o caminho, aceitar as derrotas como a melhor forma de identificar o que precisa ser trabalhado até chegar ao lugar desejado ou possível de atingir.

Vejamos o caso do atleta Tiago Pires, que já é um campeão só por estar na elite do surf nos últimos 4 anos. Um dos factores que o fazem continuar a obter ainda melhores resultados é o facto de ele não se ter resignado com os resultados já obtidos, nem com as vitorias nem com as derrotas. Ele quer mais e continua a trabalhar arduamente para o conseguir.
É um processo que nunca pára.  

Video 2ª etapa Circuito Junior Samadi

Uma semana antes do inicio da 3ª etapa, o CSC lança o video com o resumo da 2ª etapa.

SAMADI Pro JUNIOR #2 etapa by Centro Internacional Surf from Alex Figueiredo on Vimeo.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Hells Bells

Confesso que Bells não é a minha onda favorita para assistir a provas do WT nos dias de hoje. A onda limita brutalmente a diversidade de manobras, em especial aquelas chamadas de manobras modernas que ultimamente temos vindo a assistir. Aterrar um air reverse naquelas espumas brancas em movimento é uma autentica aventura. Bottom turns prolongados no rail, flow, timming apurado para acertar manobras, leitura e escolha de onda são alguns dos ingredientes para surfar Bells, ao estilo Occy e Curren de à 20 anos atrás. E neste aspecto, Parko foi de longe o melhor. Apesar da abusada repetição das mesmas manobras, Parko realizou-as sempre com um flow e empenho impressionantes. Os seus longos arcos nos bottom turns foram perfeitos, as topo turns com uma acertividade diabolica. Algumas notas são discutíveis, mas Parko é um justo vencedor. Fanning tambem esteve lindamente todo o evento, se a vitória tivesse sido para ele ou para o Adriano de Sousa, tambem teria ficado bem entregue.

Jordy Smith foi um surfista chato de se ver surfar em Bells. Surf preso, previsível, sem aquela explusividade  que nos habituamos a ver nele. Ora isto levantou-me uma questão: é a onda de Bells que está  desactualizada no WT ou Bells apenas provou que alguns surfistas afinal não são assim tão completos/não se prepararam o suficiente?

Gabriel Medina mostrou claramente que não tem cabedal nas pernas para surfar daquela forma, Owen Wright apesar de ter feito algumas boas ondas, pareceu-me um pouco perdido em esforço para acertar com as manobras de forma consistente, o mesmo tendo acontecido à maioria dos surfistas que só chegaram ao Rd5.
Julian Wilson, Brett Simpson e Wilko foram uma desilusão.
Adriano e Jadson foram as grandes surpresas.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Pratica desportiva e universo de captação de talentos

Segundo um estudo publicado no volume "Ciências Humanas aplicadas ao desporto", existem hoje diversas formas de pratica desportiva. Existe o desporto de alto nível ou de elite, existe o desporto federativo e existe o desporto de lazer.

No caso do surf , esta distinção ou modelo de três vertentes tambem é visível.
De maneira geral, o surf ganhou muitos adeptos de todas as idades com o recente "boom" da procura de actividades ao ar livre. Os adultos seguem a vertente de lazer, sendo que os jovens sentem-se mais atraídos pela vertente associativa ou federativa, onde começam a competir em regionais e nacionais como ponte óbvia para atingir o nível de elite, a cada vez mais especializada ASP.
Neste esquema, temos então que o desporto associativo ou federativo serve de base de trampolim de sucessão para o desporto de elite.
As escolas de surf fazem parte integrante dessa estrutura federativa e associativa. Umas são privadas, outras fazem parte de clubes ou associações. Umas dedicam-se exclusivamente à vertente lazer, outras à vertente competitiva. As escolas de surf são fundamentalmente o único palco na detecção de novos talentos, (excepto raras excepções). Um dos entraves na captação de novos talentos está no universo disponível para recruta de novos praticantes, que é muito pequeno, e na grande maioria dos casos depende de vontade própria de escolher esta ou aquela modalidade.
O único universo de captação de talentos disponível é o universo dos jovens já inscritos ou federados nos clubes e que já escolheram o surf como modalidade.
Ora, nada garante que estes jovens sejam os mais susceptíveis de atingir o nível necessário para serem  atletas de elite. Nada garante que estes sejam os mais aptos fisicamente, psicologicamente e técnicamente para o surf competitivo. Entre um X numero de jovens inscritos, poderá talvez aparecer só um que reúna vincadamente as potenciais caracteristicas de um possível atleta de elite.
O projecto de captação de jovens para o desporto, no caso do surf não acontece. Deu-se a evolução dos sistemas de treino no surf em Portugal, mas é necessário encontrar uma forma ou um projecto que leve à detecção de talentos nos liceus, nas aulas de educação física, locais onde se encontram a maior concentração de jovens. Podem tambem até ser organizados um ou dois eventos por ano para exercer essa detecção de talentos junto das escolas das varias regiões do pais.
Deveriam ser elaborados testes de aptidão física e psicológica com elementos próprios inerentes à pratica de surf.

Num pais em que o surf  federativo continua a crescer, numa altura em que a FPS foi integrada na Medida 3 para melhoria das condições desportivas e da competitividade, com a qualidade inegável das nossas praias e das condições geográficas, com a qualidade do ensino de surf a melhorar,  faz falta esse projecto de captação, com vista a formar futuros atletas de elite a nível mundial.
Noutras modalidades, esses projectos de captação já existem.

Quem poderá desenvolver esse método ou plano de captação e agir junto das escolas, liceus ou acções particulares?
O ideal seria uma relação;
- FPS/IDP/Cameras municipais/Escolas de surf/desporto escola/patrocinadores.
Mas tambem poderá ser apenas;
- FPS/escolas de surf/desporto escolar/patrocinadores
Ou ainda;
-Escolas de surf/patrocinadores  

quarta-feira, 23 de março de 2011

Convocatória para o ISA no Perú

O atleta que treino, Pedro Pi, não integra a lista dos convocados para o Perú, ao contrario do que tinha sido anunciado. A noticia que tinha sido publicada no site Oceanlook Aqui , (erradamente intrepertada da fonte FPS) estava incorrecta. A lista era para o próximo estagio da selecção onde iriam ser escolhidos os 4 finalistas apurados entre 6. O Pedro, bem como Tomás Ferreira, estavam nos 6 possíveis entre os Sub-16, mas não nos 4 seleccionados.  

No que diz respeito ao tema Selecção, fica a promessa da continuação do bom trabalho que o Pedro tem vindo a desenvolver na sua formação, de forma a que no futuro, possa continuar a ser opção para possivel seleccionavel.

Fica aqui a lista final completa.

Sub-18 : Diogo Apleton, Francisco Alves, Vasco Ribeiro e Basile Belime
Sub-18: João Kopke, Tomás Fernandes, Guilherme Fonseca e Miguel Blanco
Femenino: Keshia Eyre, Carina Duarte, Constança Coutinho e Ana Sarmento 

sexta-feira, 18 de março de 2011

Tiago Pires vs Jordy Smith

Tiago Pires e Jordy Smith ocupam ambos a mesma posição do ranking, 3º lugar após a primeira etapa da Gold Coast. As diferenças no surf de ambos são enormes, dizem alguns. Em algumas vertentes sim, noutras não.
Jordy é apontado como um dos melhores surfistas no Tour, com um surf muito progressivo e inovador, um vasto reportório de manobras, capaz de realizar aéreos superman e outras manobras do género em qualquer bateria em que se encontre. As qualidades do seu surf rápido e fluido são indiscutiveis. Foi vice campeão no ano passado e é sem duvida um dos sérios candidatos ao titulo mundial este ano.
Tiago Pires é apontado como um excelente tube rider, capaz de ganhar a qualquer um em condições tubulares, seja em Teahupoo ou Pipeline. É um surfista mais de velocidade no rail do que fins no ar, o que à primeira impressão o coloca num patamar competitivo abaixo do surf de Jordy, já que este domina o rail e tambem muitas manobras no ar e as chamadas manobras modernas.

Como é que se explica então que numa altura em que se valoriza tanto as manobras no ar, Tiago Pires esteja na mesma posição do Ranking que Jordy Smith e tenha eliminado alguns dos surfistas com um surf mais progressivo?

No meu entender, a resposta está em perceber o atleta não só pelo seu nível técnico, mas como um todo, como um todo que avalia e integra todas as suas capacidades enquanto atleta, estratégicas, psicológicas, físicas e não apenas a componente técnica. Tiago Pires pode não ser o surfista mais completo técnicamente no Tour, dono de todo aquele reportório de manobras modernas, mas nas outras componentes é sem duvida dos melhores, e isso coloca-o onde ele está neste momento. O Tiago Pires anda quase sempre em full speed no rail, manobrando muito forte nas zonas criticas da onda. A sua leitura e escolha de onda são trunfos fortíssimos nos seus desempenhos. Apanhar as melhores ondas dos heats, onde estão os potencias scores, são uma prioridade. A sua preparação física e psicológica para os eventos são tambem trunfos fortíssimos para os seus desempenhos. Cada ano que passa no Tour, ele vai percebendo mais do jogo, e vai estando cada vez mais bem preparado para os desafios nas várias vertentes da competição.
Por tudo isto, o Tiago Pires é um surfista que frequentemente obtém bons resultados nos eventos do World Tour e nos WQS's.
Tal como Slater referiu, subestimou-o algumas vezes no passado o que resultou em 3 derrotas.
Slater nas meias finais na Goldie teve de puxar dos galões para eliminar o Tiago e empatar o duelo, estando agora em 3-3.

terça-feira, 15 de março de 2011

Pedro Pi convocado para o ISA Quicksilver Wold Junior Championships



Aqui fica a lista dos atletas que vão defender as cores nacionais no campeonato mundial juniores no Peru, Punta Hermosa, de 21 a 29 de Maio 2011.

Sub 18: Vasco Ribeiro, Francisco Alves, Basile Belime, Diogo Appleton

Sub 16: Miguel Blanco, João Kopke, Tomás Fernandes, Guilherme Fonseca, Tomás Ferreira, Pedro Pi

Sub 18 Feminino: Constança Coutinho, Keysha Eyre, Carlota Appleton, Camila Kemp, Carina Duarte, Ana Sarmento

domingo, 13 de março de 2011

1ª Etapa Circuito Samadi, Caparica, CDS

Terminou hoje a 1ª Etapa etapa do Circuito Regional da Caparica.
Com vento off-shore durante as manhãs de sábado e domingo, os atletas aproveitaram da melhor forma as boas esquerdas que quebraram na praia do CDS, em frente ao muito simpático Café do Mar.

De maneira geral, o grupo portou-se lindamente!
Goncalinho Rangel de Lima da categoria de Sub-14, foi o primeiro a entrar na agua logo pela manhã por volta das 9h30. Mesmo não tendo conseguido avançar para a fase seguinte da competição, a sua prestação revelou melhorias em diversos campos comparativamente à sua prova anterior, especialmente na escolha de onda e domínio do pico perante os outros surfistas. Neste momento o seu principal objectivo é ao nível da prestação e não do resultado.
Ainda assim, uma situação insolita aconteceu no heat do Gonçalinho, que foi o facto de dois cabeças de serie estarem ambos no mesmo heat, tornando extremamente difícil a possibilidade a estreantes como o Goncalinho de passarem o heat.

Bernardo Ventura, tambem em Sub-14, foi o segundo atleta do meu grupo a entrar em prova. Ao nível da prestação o Bernardo tambem esteve muito bem, tendo passado à fase seguinte em primeiro lugar no seu heat. O Bernardo cumpriu muito bem com o que lhe tinha pedido para o primeiro heat.
Nos 1/4 de final, o Bernardo preocupou-se demasiado em se posicionar no pico perante os outros surfistas em detrimento da zona de entrada da onda.

Nos Sub-16, Antonio Coach retomou as competições depois de uma pausa de 2 anos. Teve alguns pormenores interessantes a nível técnico mas no conjunto não foram o suficiente para avançar na prova.

O Pedro Pi só parou no lugar mais alto do podium. Os objectivos do Pi são neste momento disputar os resultados em todas as provas nacionais ou regionais. O Pi passou na primeira posição no seu heat do Rd1 com um score elevado, passou nas meias finais, e venceu a final, estando assim na primeira posição do Ranking após a primeira etapa.
Ainda é cedo para se falar num ataque ao titulo de campeão regional, ainda é um longo ano até Outubro, ainda há 3 etapas para realizar no circuito, mas ao começar o ano na primeira posição do Ranking, é uma ideia que se vai começando a construir.

Proxima etapa deste circuito dias 09 e 10 de Abril, Praia do CDS, Café do Mar.  
     

sexta-feira, 11 de março de 2011

Kelly Slater

Muito se tem escrito e falado sobre Kelly Slater e o seu domínio assombroso no circuito desde que começou nestas andanças, sobre a sua retirada, uns defendem que deve sair para dar mais competitividade ao circuito, outros defendem que o circuito sem ele não será a mesma coisa.
Li numa entrevista a Mick Fanning em que ele dizia o quanto foi importante para ele ganhar os dois títulos mundiais com Slater no circuito, que isso lhe tinha dado uma certa legitimidade aos títulos obtidos. De facto só dois atletas, Fanning e Irons, conseguiram ganhar títulos mundiais contra Slater. Andy foi o seu grande rival. Ainda assim, tambem eles assistiram a sua recuperação do domínio no circuito.

Os novos talentos apontados como potenciais candidatos ao titulo como Jordy e Dane tambem estão a assistir ao domínio de Slater. É inegável a qualidade do surf apresentado por estes dois jovens surfistas, o contributo e inovação que estão a dar ao surf e à competição, mas o que é certo é que tambem eles estão a assistir à readaptação de Slater ao novo estilo de surfar e de competir de acordo com os novos critérios de julgamento do circuito actualmente. Slater domina a competição numa altura em que só se fala no surf inovador de Jordy, Dane, Owen entre outros. Ora isto vai ter consequências no futuro destes jovens. Eles são apontados como os melhores surfistas mas quem ganha títulos é Slater. Quando Slater se retirar, e isso irá acontecer um dia, todos se vão lembrar que Jordy, Dane e outras promessas não dominaram a cena competitiva enquanto Slater por lá andou.
Mesmo que no futuro estes ou outros jovens talentos que estejam neste momento no circuito sejam campeões, será sempre lembrado que enquanto Slater teve idade, físico e disposição mental para competir, ninguém lhe levou a melhor, só pontualmente.  

Pessoalmente, acho que a geração dos Andinos, Pupos, Geiselmans e por ai fora, poderá vir a ser a única que não verá o domínio de Slater questionar as suas prestações.
Será a única que, em principio, ficará livre de Slater e do seu fantasma.

segunda-feira, 7 de março de 2011

1ª Etapa Circuito Nacional de Esperanças

Com o sistema de palanque duplo adoptado pela organização, foram necessários apenas dois dias para concluir a 1ª etapa do Nacional de Esperanças na Costa de Caparica, CDS.
As condições estiveram muito fracas, não estão os melhores fundos no CDS, as ondas rondaram menos de meio metro, com algum vento a entrar na parte da tarde nos dois dias.
Mesmo não havendo nenhuma prestação de excelência, houve vários atletas nas várias categorias que mostraram uma boa capacidade de adaptação e um nível de surf bastante razoável.

O primeiro atleta do meu grupo a entrar na agua logo pela manhã foi o Goncalinho Rangel Lima, na categoria de Sub 14. Esta foi a sua primeira participação num nacional, e apesar de estar preparado em vários campos, a rotina, a habituação e a experiência nestas andanças só se ganha participando. O Gonçalo ainda apanhou a maior e melhor onda do heat ganha numa disputa acesa, mas não conseguiu mostrar as suas reais capacidades, tendo sido eliminado.
Tenho a certeza que o Gonçalinho esta ansioso pelo próximo heat para mostrar o seu surf!

O segundo atleta a entrar na agua foi o Pedro Pi em Sub-16. Pi venceu a sua bateria do Round 1. Nos quartos de final protagonizou uma boa recuperação de 3º para 2º nos últimos minutos, apurando-se assim para as meias finais. A bateria das meias finais foi bastante disputada com todos os atletas a ficarem com scores muito juntos. O Pi ficou na quarta posição a pouquíssimas décimas do segundo lugar. No fim da bateria, na ultima onda somou 3.90pts quando precisava de 4.11pts para segundo, que daria presença na final.

Já recomeçamos hoje o trabalho com vista ao próximo Campeonato Regional já no próximo fim-de-semana, 12 e 13 de Março, na mesma praia do CDS.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Resultados da medição de velocidade



A ASP já tinha anunciado que iria, através de um sistema GPS, fazer uma medição à velocidade de performance dos surfistas durante a primeira ronda do Quicksilver Pro na Austrália, com a finalidade de apurar quem seria o surfista mais rápido.
Os resultados em si não surpreendem muito, Fanning foi considerado o mais rápido, seguido de Joel Parkinson, Bede Durbridge e Kelly Slater.
Taj Burrow parece ser sempre o mais rapido, mas não é o que atinge picos de aceleração maiores.

O que é surpreendente são os locais da onda em que essas velocidades foram atingidas, ou seja, foram atingidas em curvas e não em down the line.
O critério de julgamento diz que a primeira manobra é a mais importante, a que define o set up da onda.

Fanning atingiu a velocidade de 39,1km num gancho todo feito no rail após um excelente bottom turn, depois de ter saido de um tubo. Ou seja, foi na primeira manobra depois do tubo.
Slater obteve a velocidade de 32.km tambem na primeira manobra logo no inicio da onda, num gancho tambem todo feito no rail, após um poderoso bottom turn como só ele faz.
Aquilo que já sabíamos, mas que ainda não tinha sido cientificamente testado, é que o bottom turn é um gerador  impressionante de velocidade.

Martin Potz comenta que devido ao pequeno tamanho das ondas, a maior percentagem desta velocidade é obtida através da movimentação e posicionamento do corpo. Potz deixa no ar a ideia que, quando as ondas tiverem mais power, as velocidades poderão ser mais elevadas.

Vejam o vídeo, vale a pena para perceber de forma objectiva, a importância dos pontos de obtenção de velocidade!

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Prova - Uma semana antes

É já no próximo fim de semana que os juniores nacionais iniciam o ciclo de campeonatos de 2011, com o CNSE, Campeonato Nacional de Surf Esperanças.
A menos de uma semana do inicio da prova, a nível físico e técnico poucas modificações ou correcções há a fazer, ou seja, neste campo, se o planeamento foi adequado e houve assiduidade nos treinos, os atletas já devem estar preparados fisicamente, familiarizados e rotinados com o reportório de manobras que estiveram a treinar nos últimos tempos. Este período que antecede aprova é ideal para maximizar o desempenho do reportório de manobras já adquirido através de simulações de heats. A nível psicológico, o treinador pode introduzir nas simulações exerciçios mais fáceis ou mais difíceis consoante quiser elevar a motivação dos atletas.
A excepção nas correcções de pequenos movimentos técnicos podem acontecer desde que não alterem muito a dinâmica e automatismo dos movimentos.

A uma semana da prova e com as previsões do swell já mais ou menos apresentadas, aconselho os meus atletas a focarem-se nos vários cenários que poderão acontecer, tipo de condições que vão ser encontradas, tipo de equipamento principal e de reserva a ser utilizado, eliminar distracções, dormir bem, comer bem, beber mais água que o normal, mesmo quando não se tem sede.

Para alguns atletas as provas ainda são sinonimo de alguma ansiedade. Não há nada melhor para ajudar a reduzir ou transformar essa ansiedade em beneficio próprio, do que ter a sensação que se está preparado a todos os níveis para a prova.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Surf, modalidade individual e atitude psicologica

A maioria dos resultados competitivos em qualquer modalidade colectiva ou individual, depende directamente da capacidade de rendimento dos atletas.
Essa capacidade de rendimento engloba um conjunto de factores dos quais, entre outros, se destacam:

- capacidade técnica
- capacidade táctica
- capacidade física ou motora
- atitude psicológica

Para os treinadores de jovens surfistas ainda em formação nas camadas juniores que pretendem seguir carreira no desporto, um dos maiores obstáculos que enfrentam em relação ao rendimento dos seus atletas, prende-se com a atitude psicológica e compromisso dos jovens perante o treino e a competição.

O desporto individual exige muito mais dos atletas no capítulo do compromisso e atitude psicológica adequada, do que uma modalidade colectiva, onde por e simplesmente quem não treinar, não faz parte do grupo. No caso do surf é cada um por si, logo torna-se ainda mais necessária essa pré-disposição psicológica, entre outras razões, devido ao facto dos surfistas terem alguma dificuldade em encarar o surf competitivo como uma modalidade que precisa ser vivida como tantas outras de alta competição. O treino é sistemático e assíduo mas nem sempre isso é visto assim.  
Estar disponível para treinar mesmo quando não apetece, quando as condições não estão ideais, ter de dormir cedo quando todos vão para uma festa, etc. De certa forma, o jovem surfista tem de se obrigar a viver como um atleta a maior parte do tempo, resistir a tentações, distracções e preguiça que o vão afastar da atitude mental ideal para o desporto.

É da responsabilidade dos treinadores proporcionar orientação motivacional e ajudar na organização pessoal dos seus atletas, a serem confiantes, a evoluírem nas diversas áreas do desporto, a serem funcionais e focarem-se nos processos, mas por muito que treinadores, pais e amigos apoiem ao máximo a sua vida competitiva, os resultados passam sempre pelo empenhamento e assiduidade dos atleta nos treinos e nas competições.

Os jovens surfistas têm de ter orientação adequada dos treinadores, mas dependem tambem muito das regras que se auto impõe, regras estas que são fundamentais para a sua capacidade de rendimento:

- ter uma vida organizada, ter tempo para estar com amigos e namoradas, estudar, treinar,   
  praticar outras modalidades, sem interferirem,
- ter boas notas na escola (más notas são causa de stress que levam à perda de iniciativa)
- alimentação saudável,
- disciplina nos seus hábitos de vida (dormir bem, controlo do álcool)  
- treinar de acordo com o plano construído com o seu treinador e apoio dos pais.

Todos estes tópicos constituem o ser completo, o que é a sua vida, a forma como a vive. Todos os tópicos interferem e estão intimamente ligados uns com os outros. Não se pode desassociar a sua vida pessoal da desportiva. Uma alteração numa parte, influencia a outra.

Por exemplo, um atleta que não durma as horas suficientes, vai ter a sua capacidade de concertação reduzida, a sua velocidade de reacção e resistência diminuídas, capacidade de se auto-corrigir reduzidas. Nestes casos, o atleta normalmente procura desculpas completamente idiotas para justificar a falta de rendimento.   

Para finalizar, as características ideais e necessidades dos atletas variam consoante a sua faixa etária, mas há uma que me parece a mais importante.
Definir objectivos com os pais e treinador, e segui-los!

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Falta de scores em algumas provas

No ano passado, alguns atletas que treino nas categorias jovens, participaram numa serie de circuitos regionais com o objectivo de ganhar experiência competitiva, aperfeiçoar detalhes etc.
Uma constante em todos os circuitos regionais e no King of The Grooms da Quicksilver em Peniche, foi a falta de scores durante os heats. Ao longo dos heats os atletas não sabiam o que tinham conseguido nas ondas surfadas, não sabiam a posição em que estavam, não sabiam que score tinham de substituir, não sabiam o score do adversário. Não tinham feedback da sua prestação de forma a gerir o heat. Apenas podiam confiar no que viam os adversários fazer e calcular a posição em que estavam. Só vários heats depois é que o resultado era conhecido

Ora isto parece idêntico a um jogador de ténis não saber se as suas bolas bateram dentro do campo ou não, idêntico a um piloto de Formula 1 não saber o seu tempo por volta ou dos seus adversários, não podendo gerir idas à box, acabar a prova sem saber se ganhou.

Devido à falta de scores nos heats é impossível treinar os atletas a responderem às ondas dos seus adversários, gerir o heat de forma objectiva, saber se devem ir para cima de um adversário ou se devem focar a atenção em apanhar mais ondas, saber por exemplo se estiverem em segundo no heat quanto precisam para primeiro etc.
Acho que o objectivo nas camadas Sub 18 para baixo é prepara-los para o futuro da forma mais aproximada possível ao que irão encontrar nos Nacionais. Isso não acontece nos Regionais.

A falta de verbas e apoios pode ser factor que impeça cada clube de ter um sistema de processamento de scores.
Ainda assim, há clubes que têm apoios, logo deveria ser prioridade absoluta proporcionar scores aos atletas, pois é esse o principal objectivo de uma competição.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Calendario Campeonato Nacional Esperanças 2011

1ª Etapa, Costa Caparica,  5 a 7 de Março

2ª Etapa, Lagoa de Albufeira, 16 a 18 de Abril

3ª Etapa, Aveiro - Praia da Barra, 10 a 12 de Junho

4ª Etapa, Viana do Castelo - Praia da Mariana, 12 a 14 Agosto

5ª Etapa, Sºao Torpes, 9 a 11 de Semebro

Finalissima, São Pedro do Estoril, 5 a 6 de Novembro

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Bottom Turn - A curva na base da onda

Há dois tipos gerais de Bottom Turns. Um mais apertado, para entradas mais verticais na onda (ex: off-the-lip, off-the-foam) e um mais largo para entradas mais na horizontal (ex: cutbacks, ganchos,).

No mais apertado, o surfista deve pressionar o tail com força e rapidez, olhar para a secção mais junto ao pocket. A torção do tronco e flexão da perna de trás é fundamental para criar mais verticalidade.
No Bottom mais largo, o olhar do surfista deve centrar-se numa secção mais avançada da onda, a ideia aqui é entrar mais na diagonal e na parede da onda. A pressão no tail deve ser mais continua.

Um erro comum é os surfistas não descerem o suficiente ao Bottom da onda, logo não geram ângulo e velocidade suficiente para completarem de forma fluída as manobra seguintes.
A tomada de decisão entre o apertado e o largo deve ser tomada durante a remada e drop, ou após cada manobra realizada.

Como não existem sistemas de treino perfeitos, há varias formas de treinar um Bottom Turn.
Só é preciso uma maquina de filmar, um amigo que filme ou um treinador.
Uma das formas requer que o surfista faça uma analise atenta das condições antes de entrar no mar, ou seja, perceber o numero de ondas que poderá conseguir apanhar, se as ondas estão rápidas, lentas, e qual o melhor pico da praia. Um famoso treinador Australiano costuma dizer que, se a onda esta gorda, mole e lenta, faz Cutbacks!
Em seguida, passar 30 minutos na agua a fazer o melhor Bottom Turn possível logo na primeira oportunidade que tenha, sem se preocupar demasiado com o resto da onda, apenas em fazer bons Bottom Turn. Os 30 minutos seguintes devem ser passados a tentar encaixar o maior numero de manobras que a onda permita, sempre com Bottom Turns de qualidade.
Desta forma treina-se o Bottom Turn em específico sem descuidar o aproveitamento da onda na generalidade durante uma surfada.

Os surfistas que queiram transportar para um nível elevado as suas qualidades técnicas seja para free-surf ou para competição, devem contratar um treinador qualificado que ajude a identificar os erros.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

A "zona"

Andy Irons explicava numa entrevista à revista Surfing em 2008, que os dias de flat, períodos de espera e sucessivos "lay day" nas competições podem desfocar um atleta do seu "mind set", afectar a sua confiança ou fazer com que saia da "zona" como ele lhe chamou. Estar na "zona" é um estado de posicionamento psicológico fortissimo em que nada afecta o estado de preparação mental e motivacional do atleta para a competição. Andy dizia que ao estar na "zona" sentia que estava pronto para a prova, aconteça o que acontecer, e sentia que os outros sabiam que ele estava preparado. Mesmo antes de entrar na agua, já havia um vencedor antecipado. Bastava-lhe apenas conseguir um bom score no inicio do heat, diminuir a confiança do adversário, para o heat estar sob controlo.

Estar na "zona" significa trabalhar a confiança em si próprio a longo prazo, trabalhar a consistência nas competições e nos treinos, trabalhar a acertividade das manobras e das decisões tomadas durante os heats. Significa tambem estar preparado e ter estudado bem a lição sobre qual será a sua estratégia a utilizar ao longo da prova. Significa estar em forma nas diversas componentes desportivas, física, psicológica, táctica, estratégica, ter o equipamento certo e estar bem com a sua vida pessoal. Estar na "zona" não significa ganhar sempre, as derrotas fazem parte do processo, mas significa estar capacitado para ganhar muitas vezes.

Este fenómeno é um factor treinavel. Nas camadas mais jovens é da total competência do treinador conhecer profundamente cada atleta e ajuda-los a manter os níveis de motivação e confiança com as exigencias proprias de cada escalão etário, através de um plano sequencial e organizado do treino. Ajuda-los tambem a desenvolver a competência de se focarem no processo e não no resultado.

"O domínio das situações só é ganho pelo treino",
Frase de um treinador de futebol Português a treinar em Madrid!

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Primeiro post

Ao surfar pela Internet ou a percorrer varias livrarias à procura de conteúdos específicos sobre o treino, preparação, planeamento e organização da actividade desportiva especifica do surf, pouco ou nada encontrei.
Existem milhares de sites e artigos literários sobre modalidades colectivas e individuais como ciclismo, ténis, judo etc, com conteúdos muito úteis de e para treinadores, atletas, praticantes e interessados nessas modalidades ou sobre organização do treino de forma geral. Autores como o Prof. José António Lima, Jorge Araújo ou José Curado são referência na recente ciência do treino em Portugal para qualquer treinador qualquer que seja a modalidade.
Mas nenhum foca o surf particularmente.

No caso da Internet, a excepção são dois sites Australianos inteiramente dedicados ao assunto. A nível literário em Português, excepto a tese apresentada em livro pelo Professor Miguel Moreira e pontuais artigos em revistas, não encontrei nada de referencia. Há excelentes sites, blogs e livros sobre surf, sobre noticias, soulsurfers, dicas, os famosos auto-didácticos, "Learn to surf", o excelente "Manobras 7" do João Macedo, mas não há nenhum de referência sobre os aspectos do treino do surf enquanto modalidade desportiva, nem nas camadas jovens nem nos adultos.   

Assim, permiti-me a ousadia de iniciar este blog com o objectivo de expor e partilhar os meus relatos e vivências pessoais, reflexões, aprendizagens, duvidas e indignações sobre o treino e outros temas na área do surf.

Obrigado
Espero que gostem e que possa ser útil